Psoríase – Pesquisas com canabinoides

A psoríase é uma doença autoimune relativamente comum que causa vermelhidão, descamação, ressecamento da pele e, em alguns casos, pode levar à artrite psoriática. Estudos têm demonstrado que a canabis pode ajudar no tratamento da psoríase ao regular o sistema imunológico e gerenciar a hiperatividade das células da pele. A doença faz com que se acumulem na superfície causando um grosseirão avermelhado que pode aparecer em qualquer parte do corpo, sendo mais comum nos cotovelos, joelhos, costas, rosto, couro cabeludo, nas palmas das mãos e pés.

Visão geral da Psoríase

A psoríase é causada por problemas no sistema imunológico. A renovação celular é um processo natural onde as células das camadas mais profundas da pele sobem à superfície. Este processo tipicamente leva um mês, mas em uma pessoa com psoríase ele é muito mais rápido, levando apenas alguns dias. Esta condição é muito mais comum em adultos.

O surgimento de focos de psoríase varia entre indivíduos. Alguns podem apresentar vermelhidão e descamação, enquanto outros podem ter a pele ressecada com rachaduras e sangramentos, podendo causar dores e coceiras. A gravidade dos sintomas variam, com erupções podendo durar semanas ou meses. Infecções, estresse, pele seca e alguns medicamentos podem piorar os sintomas.

A psoríase é provavelmente causada por um tipo de glóbulos brancos que ataca por engano as células saudáveis da pele. Estas células T sobreativadas também desencadeiam respostas imunológicas, causando a dilatação das veias sanguíneas na pele. A genética desempenha um papel, mas a psoríase pode ser causada por fatores ambientais, como infecções, feridas na pele, estresse, clima frio, tabagismo, consumo excessivo de álcool e certos medicamentos.

A doença também pode causar inchaço e rigidez nas articulações e enrijecimento das unhas, uma condição chamada de artrite psoriática. Ela ocorre quando o sistema imunológico começa a atacar as células e tecidos saudáveis, levando à inflamação das juntas e a superprodução de células da pele. As articulações de todo o corpo podem ser afetadas, incluindo a coluna vertebral e os dedos. Os sinais e sintomas podem parecer com os da artrite reumatoide. Esta condição pode ainda causar dores nos pés e na lombar, inchaço dos dedos das mãos e dos pés.

Não existe cura para a psoríase, porém, certos tratamentos podem diminuir a velocidade de crescimento das células da pele e oferecer alívio. Medicamentos como corticosteroides e retinoides tópicos, análogos de vitamina D, antralina, inibidores da calcineurina e ácido salicílico podem ajudar a gerenciar a inflamação, reduzir a descamação e estimular a troca de pele. Além disso, hidratantes e exposição à luz do sol podem ajudar a melhorar os sintomas da doença.

Descobertas sobre os efeitos da canabis na Psoríase

Estudos indicam que os canabinoides encontrados na canabis podem ajudar a controlar a psoríase através de sua interação com o sistema endocanabinoide (SEC), que, quando prejudicado de alguma maneira, pode levar ao desenvolvimento de doenças autoimunes como a psoríase. No entanto, pesquisas têm mostrado que a interação dos canabinoides com os receptores canabinoides do SEC ajudam a regular as funções normais do sistema imunológico 2,5,12.

Um estudo clínico anterior descobriu que a canabis auxilia na prevenção de crises de psoríase ao ativar os receptores CB2 do sistema endocanabinoide 4. Mais recentemente, uma revisão da literatura concluiu que os efeitos anti-inflamatórios e reguladores dos canabinoides no sistema imunológico os torna possíveis agentes terapêuticos para a psoríase 3.

Pesquisas sugerem ainda que a canabis pode ajudar a tratar os sintomas da psoríase ao regular a hiperatividade das células T. Um estudo descobriu que a interação dos canabinoides com os receptores do SEC está associada a vários processos biológicos relacionados à pele, inclusive à proliferação de suas células 1. Um estudo mais recente determinou que os receptores CB provavelmente desempenham um papel circunstancial na atividade das células T, mas que a habilidade da canabis de inibir a atividade destas células não está relacionada à ativação dos receptores CB 13.

Quatro dos principais canabinoides encontrados na canabis, incluindo o THC (tetraidrocanabinol), CBD (canabidiol), CBN (canabinol) e CBG (canabigerol), têm demonstrado inibir as células T sobreativadas e, assim, desempenham um papel terapêutico no tratamento da psoríase 13. As propriedades anti-inflamatórias dos canabinoides também têm sido relacionadas no tratamento da psoríase 7. Além disso, estudos descobriram que através da ativação dos receptores CB2, os canabinoides podem ajudar a aliviar e, em alguns casos, reverter danos causados pela inflamação da pele 6.

Estudos recentes sobre os efeitos da canabis na Psoríase

  • Devido aos efeitos anti-inflamatórios da canabis, ela pode ser um agente terapêutico eficaz para a psoríase. Canabis para psoríase refratária – esperança de um novo tratamento e revisão da literatura.
    http://www.eurekaselect.com/142052/article
  • Os canabinoides da canabis evitam a sobreativação das células T, e assim, ajudam a tratar a psoríase. Canabinoides inibem a proliferação de queratinócitos em humanos através de um mecanismo não relacionado aos receptores CB1/CB2 e oferece um possível tratamento para a psoríase. 
    http://www.jdsjournal.com/article/S0923-1811(06)00315-X/fulltext
  • A ativação dos receptores CB2 pela canabis ajuda a evitar a exacerbação de doenças de pele como a psoríase. Propriedades farmacológicas e possibilidades terapêuticas para fármacos que agem nos receptores endocanabinoides.
    http://www.eurekaselect.com/90421/article

Referência:

  1. Bíró, T., Tóth, B. I., Haskó, G., Paus, R., and Pacher, P. (2009). The endocannabinoid system of the skin in health and disease: novel perspectives and therapeutic opportunities. Trends in Pharmacological Sciences, 30(8), 411–420. Retrieved from
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  2. Croxford, J.L., and Yamamura, T. (2005, September). Cannabinoids and the immune system: potential for the treatment of inflammatory diseases? Journal of Neuroimmunology, 166(1-2), 3-18. Retrieved from
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